Educação & Gênero:Introdução (Parte I)

O fato de a família ter valores conservadores, liberais ou progressistas, professar alguma crença religiosa ou não e a forma como o faz determina em grande parte a educação das crianças. Atualmente, a extinção do Pátrio-Poder em beneficio da família “devido à inserção desta Lei no Novo Código Civil Brasileiro”, aumentam as expectativas em torno do conhecimento do que está sendo apreendida pelas crianças neste espaço privado – a noção que constituirão sua sexualidade na infância. Há ainda a influência de muitas outras fontes: livros, escola, pessoas que não pertencem a sua família e, principalmente, nos dias de hoje, da mídia. Essas fontes atuam de maneira decisiva na formação sexual de crianças, jovens e adultos. A TV veicula propagandas, filmes e novelas intensamente erotizados, além do uso dos recursos da internet pelas crianças,cada vez mais precocemente interagindo com as redes sociais, em sua maior parte, sem acompanhamento de um adulto responsável; gerando excitaçäo e um incremento na ansiedade relacionada às curiosidades e fantasias sexuais da criança.
Se a escola que se deseja deve ter uma visão integrada das experiências vividas pelas alunas(os), buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que desempenha um papel importante na educação para uma sexualidade ligada a vida, a saúde, ao prazer e ao bem-estar e que integra as diversas dimensões do ser humano envolvidas neste aspecto.
Pode-se afirmar que a implantação de Orientação Sexual nas escolas contribui para o bem-estar de alunas(os), na vivência de sua sexualidade atual e futura indiferentemente da idade.Todas as diferenças existentes no comportamento de mulheres e homens refletem-se na vivência da sexualidade de cada um, nos relacionamentos a dois e nas relações humanas em geral.
A discussão sobre relações de gênero tem como objetivo combater relações autoritárias, questionar a rigidez dos padrões de conduta estabelecidos para mulheres e homens além de apontar para sua transformação. A flexibilização dos padrões visa permitir a expressão de potencialidades existentes em cada ser humano e que são dificultadas pelos estereótipos de gênero.A exploração destas questões fará emergir uma história que oferecerá novas perspectivas a velhas questões (como, por exemplo é imposto o poder político?, qual é o impacto da guerra sobre a sociedade?), estas intervenções redefinirão as antigas questões em novos tempos (introduzindo, por exemplo, considerações sobre a família e a sexualidade no estudo da economia e da guerra), colocará as mulheres visíveis como participantes ativas e estabelecerão uma distância analítica entre a linguagem aparentemente fixa do passado e nossa própria terminologia. Além disso, esta nova história abrirá possibilidades para a reflexão sobre as estratégias políticas atuais e o futuro (utópico), pois ela sugere que o gênero deve ser redefinido e reestruturado em conjunção com uma visão de igualdade política e social que inclui não somente o sexo, mas também a classe e a etnia.
Convém salientar que estarmos vivenciando mudanças profundas resultantes das novas Leis inseridas no Código Civil Brasileiro e questões políticas, éticas e justiça social devem ter ações prioritárias. Não se trata apenas do conhecimento do novo, mas do exercício da cidadania.

Democratizando o tema.

No âmbito do debate, entre estudiosos e militantes de um lado, e seus críticos ou suas criticas, de outro, será problematizado o conceito de gênero. Entre eles, convêm registrar o conceito foucaultiano de “biopoder” e as “relações de poder entre os gêneros”, a visão do mundo percebendo-se o “discurso dividido entre o discurso admitido e o discurso dominante e o dominado”; assim como o silêncio e o segredo dão margem a tolerâncias mais ou menos obscuras.
O aprofundamento destas concepções merece atenção daqueles que atuam na política educacional e deverá conscientizar o público envolvido sobre o caráter dos Estudos Feministas, sua evolução para entender o momento atual – premissas, novos paradigmas e a urgência em promover debates nesta área.
E neste contexto, iniciaremos nosso estudo acerca do conceito de gênero, que se refere a um sistema de relações de poder baseadas num conjunto de papéis, qualidades e comportamentos opostos atribuídos a mulheres e homens. As relações de gênero (assim como as de classe e etnia) são determinadas pelo contexto social, cultural, político econômico. Enquanto o sexo é determinado pela natureza, pela biologia, o gênero é constituído historicamente sendo, portanto, variável.
Para melhor compreender nossas reflexões e propostas, convém definir ainda, o que significa equidade de gênero: sistema de relações interpessoais baseado na igualdade entre os sexos e na valorização equilibrada daquilo que é considerado feminino e masculino.
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