Introduzindo o Conceito de Interatividade

Ao longo dos anos, o computador adquire status, sendo utilizado por diferentes profissionais nas mais diversas tarefas: cotidianas, inusitadas - para artistas, em especial, é uma ferramenta que dá suporte a criatividade, desencadeando na contemporaneidade, novas possibilidades na produção em arte.
No contexto das imagens funcionais, esta situação de hibridização ou de confluência das ações postas em marcha por cada participante caminha numa tendência à construção de um espaço-tempo de continuidade, que se reafirma na noção de um intertexto, sempre passível de ser construído a posteriori.
Assim, a concretização da obra é determinada pelas específicas condições em que o ato de recepção se desenvolve. E a cena só é efetivamente reconstruída em função da correspondência a ser estabelecida entre os repertórios de base (o da produção e o da recepção). A luta travada por este tipo de imagem está entre a sua condição de existir e a de significar. As imagens funcionais sugerem predominantemente uma interatividade não trivial, de conteúdo e real (Tavares, 2001b:4-7). A interação entre receptores e deles com a obra tende a configurar-se como uma comunicação interpessoal, mesmo que mediada pelas diferentes interfaces.
O trabalho tende a revelar identidades e ou pessoalidade do receptor-pesquisador, devido ao processo estabelecido com base em relações de conexão física, já que a identificação entre os repertórios do artista e do receptor desenvolve-se por meio de correspondências “causais” (Bense, 1975:74-76).
Se fosse possível resumir em uma só palavra a condição da produção artística nesse tempo de cibercultura, com certeza, não poderíamos fugir da palavra hibridez. O movimento de convergência entre diferentes linguagens e mídias, bem como entre diferentes áreas de atuação como a arte, ciência e tecnologia são evidentes manifestações neste sentido.
De fato, a relação entre arte, ciência e tecnologia não é recente, contudo estas áreas parecem estar, segundo alguns teóricos, estabelecendo vínculos mais estreitos na contemporaneidade. Edmond Couchot (2003: 158), por exemplo, ao analisar os trabalhos artísticos que se utilizam recursos computacionais, afirma que a ciência e a tecnologia vêm assumido uma importância cada vez mais decisiva sobre o mundo da arte, uma vez que os programas que "alimentam os computadores são elaborados a partir dos modelos provenientes quase todos deste novo lugar de interpenetração da ciência e da técnica, largamente favorecidos pelo desenvolvimento da informática que é a tecnociência".